Selic: Copom mantém taxa de juros em 10,5% pela 2ª reunião seguida
Wellyngton Kuhn
31 de julho de 2024
Banco Central opta por manter a taxa de juros Selic em 10,5%, surpreendendo analistas que esperavam alta.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) realizada nesta quarta-feira (31), a decisão foi de manter a taxa básica de juros Selic em 10,5%. Essa é a segunda vez consecutiva que o Copom escolhe manter a taxa neste nível. A decisão, que foi unânime, surpreendeu muitos analistas que previam um possível aumento nos juros. O Banco Central do Brasil (Bacen) não sinalizou nenhuma indicação de elevação da taxa, contrariando algumas previsões econômicas anteriores.
Decisão Unânime do Copom
A decisão de manter a Selic em 10,5% foi unânime. Esta escolha reflete a preocupação do Banco Central com a necessidade de manter a estabilidade econômica sem prejudicar o crescimento. A reunião foi marcada por uma avaliação cuidadosa das condições econômicas atuais, e a decisão foi baseada na análise de diversos indicadores econômicos que sugerem uma necessidade de cautela.
Análise da Situação Econômica
Dois grandes motivos explicam por que a Selic não consegue cair mais. O primeiro ponto se chama *risco fiscal. Para entender o risco fiscal de um país, imagine que o Brasil é como uma grande família que precisa administrar seu dinheiro para pagar as contas todo mês. O risco fiscal é como se essa família gastasse mais do que ganha, pegando dinheiro emprestado o tempo todo. O problema é que, se a família continua fazendo isso, os credores podem começar a cobrar juros mais altos ou até parar de emprestar dinheiro. Assim, o risco fiscal é o medo de que o governo não consiga controlar seus gastos. Na carta mais recente do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) declarou que está "monitorando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal afetam a política monetária e os ativos financeiros." O comitê reiterou que uma política fiscal confiável e comprometida com a sustentabilidade da dívida ajuda a ancorar as expectativas de inflação e reduz os prêmios de risco dos ativos financeiros, o que, por sua vez, influencia a política monetária. O que o Copom quis dizer é que, enquanto o governo não controlar os gastos públicos, será difícil abaixar a taxa de juros. E, para piorar a situação, as contas do governo tiveram um rombo de R$ 68,7 bilhões no primeiro semestre de 2024, o pior resultado das contas públicas desde 2020, segundo dados do próprio Tesouro Nacional.